domingo, 22 de maio de 2011

SUSPENSO

Um dia pensei que era santo porque queria que assim fosse!
Escravo de uma convicção de homem egoísta.
Com um livro sagrado na mão,
sentindo que Deus estava ali o tempo todo me protegendo!
O céu era minha morada, o paraíso meu destino...
Meu corpo era o templo divino.
Queria que todos convergissem pra mim, para o meu Ego!
O que pensava era o centro de toda verdade!
Agarrava-me àquele livro, consoantes, vogais e verbos.
Era uma via que me levava...
Afinal, era a palavra santa que estava nas minhas mãos
como um imaculado vaso do mais puro cristal.

Um dia caminhava nas convicções dos meus anseios
e não vi uma pedra, tropecei!
Tudo fugiu para um espaço desconhecido,
se perdeu entre as frestas de um abismo,
em furnas infindas que não sabia que existia...

Fiquei estendido, esquálido e
lânguido,
olhando um céu azul
e nuvens indiferentes...
Ouvia o vácuo infindo de um universo
que não me estendia as mãos.
Sem socorro...
Um filho de Deus abandonado!

Naquela suspensão podia ver tudo,
estava claro e límpido
sem mistérios...
Aqueles olhos me olhavam sem ver,
pensavam e não entendiam,
tocavam minha tez e nada sabiam
da paz e da gloriosa felicidade
que naquele instante,
podia ver...

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